A TAP anunciou uma forte reformulação da sua operação, abandonando a política de crescimento agressivo e de diversificação de mercados e adotando uma de maior contenção e foco nos destinos mais rentáveis. No caso do Sá Carneiro, isso significa pelo menos alterações em 6 dos 17 destinos diretos servidos a partir do Porto: Barcelona, Funchal, Lisboa, Londres, Madrid, Nova Iorque e São Paulo. A esses há que somar Lyon, rota que estava previsto iniciar em aproximadamente um mês, mas que vai ficar na gaveta.
Recorde-se que a transportadora nacional apresentou um prejuízo de 118 milhões de euros em 2018, equivalente a uma margem negativa de quase 4%. Numa altura em que as grandes companhias europeias estão a rever em baixa as suas previsões de lucro, e que os acionistas privados da TAP preparam a abertura do capital à bolsa, uma política comercial mais conservadora parece quase óbvia.
Fernando Pinto, atual CEO da TAP, confirmou ontem a tão antecipada expansão da companhia a partir do Francisco Sá Carneiro. Trata-se da recuperação de duas das rotas encerradas em 2016, Barcelona e Milão – Malpensa, bem como o lançamento de outras duas, Ponta Delgada e Londres – City. Para este efeito a transportadora nacional planeia basear mais dois aviões Airbus 319 no Porto, embora a chegada destes à TAP ainda esteja pendente de negociações finais com o fornecedor.
Este aumento vem na sequência da reestruturação da transportadora portuguesa, que com custos operacionais mais baixos, aviões mais adequados e maior escala pretende voltar a competir também no Porto. Para se ter uma ideia, a última vez que a TAP abriu uma nova rota a partir do AFSC foi em 2008, com a abertura de 1 voo semanal para Salvador e que durou apenas uma temporada.
Airbus 319 da TAP. Foto tirada por Luciano Bragança
Em conferência de imprensa na cidade do Porto, a companhia irlandesa levantou o véu sobre uma programação de Inverno cheia de novidades para o aeroporto Francisco Sá Carneiro. As mais visíveis são a nova ligação a Varsóvia Modlin, bem como a ofensiva a 3 das 4 rotas abandonadas pela TAP: Barcelona, Bruxelas e Milão. Destaque ainda para as ligações a Dublin, Liverpool e Valência, que deixam de ser sazonais.
Relativamente à rota de Varsóvia, começa no dia 2 de Novembro e terá 2 frequências semanais (4ªf e Sábados). O anuncio chega menos de uma semana depois do efectuado pela Wizz Air, numa reacção quase igual à que teve quando a Wizz Air apresentou Lisboa-Varsóvia. A diferença é que desta vez a companhia húngara preveniu-se, guardou a sua mão até a Ryanair ter a programação de Verão fechada e assim evitou um inicio simultâneo de operações. Fica agora a questão de quando, e se, ambas se encontrarão no corredor Porto-Varsóvia. Nenhuma tem por hábito recuar.
Os reforços nas rotas de Barcelona, Bruxelas e Milão Bergamo estão garantidos a partir do final de Outubro, apesar da companhia ter dito que está a procurar formas de introduzir essa capacidade mais cedo. Bruxelas e Milão recebem +4 frequências semanais, que no caso da capital belga serão distribuídos em partes iguais pelos aeroportos de Zaventeme Charleroi. Já Barcelona ganha +1 frequência diária. Estes novos voos, por si só, permitem cobrir 149% da oferta abandonada pela TAP para Barcelona, outros 57% para Bruxelas Zaventem (111% contando Charleroi) e 146% para Milão.
Não recebendo a mesma atenção que as anteriores, o prolongamento do período de operação de 3 rotas clássicas, Dublin, Liverpool e Valência, é igualmente importante. Com Dublin volta a estar aberta no Inverno a única ligação directa entre o Porto e a Irlanda, 9 anos depois da Ryanair a ter restringido ao Verão. Liverpool, que passou a sazonal em 2007, ajudará a capitalizar o grande crescimento que o mercado inglês está a verificar e que não dá sinais de abrandamento. Finalmente, a operação de Inverno para Valência, suspensa em 2013, é uma mostra da recuperação do mercado Espanhol e permitirá fortalecer os laços com a 3ª maior cidade espanhola.
Com estas novidades a low-cost irlandesa avançou uma previsão de 3.4 milhões de passageiros transportados nos seus aviões de/para o Porto em 2016. Assim, continua sobre carris o compromisso pessoal de Michael O’Leary de fazer crescer a operação da Ryanair no AFSC até atingir os 5 milhões de passageiros anuais em 2018. Um compromisso crescente pelo Porto que mostra, novamente, que o interesse estratégico de uma companhia aérea não é algo que possa ser forçado ou comprado. As companhias podem vender migalhas a preço de ouro, mas na hora da verdade, o interesse estratégico prevalece sempre.
Boeing 737-800 da Ryanair. Foto tirada por Ron Kellenaers
A TAP apresentou hoje em conferência de imprensa várias novidades para 2016, fazendo esta página destaque à apresentação da nova estratégia de operação para o Porto e à introdução de um serviço shuttle, denominado Ponte Aérea, entre o Porto e Lisboa.
Relativamente à nova estratégia para o Porto, mantém-se com pequenas alterações a operação intercontinental, reduz-se a operação europeia e aumentam-se os voos para Lisboa através da Ponte Aérea. Terminam as rotas de Barcelona, Bruxelas, Caracas, Milão Malpensa e Roma Fiumicino, reduzem-se outras como Funchal, Genebra, Londres Gatwick, Madrid, Paris Orly, Rio de Janeiro e São Paulo e aumentam Amesterdão, Lisboa e Luxemburgo. Sem entrar numa análise detalhada rota-a-rota, pode-se dizer que acabam as rotas menos densas, com sectores mais longos e sem valor estratégico, mantendo-se aquelas com maior densidade e valor estratégico.
Sobre o serviço Ponte Aérea, terá como mínimo 1 voo cada hora entre as 6 da manhã e as 9 da noite (saídas do Porto às ’30 e de Lisboa à hora certa) e será direccionado tanto aos passageiros em ligação como aos ponto-a-ponto. Para os primeiros, os novos horários permitem reduzir tempos, preços de ligação, e por conseguinte, o incómodo que supõe a troca de avião. Para os segundos, a nova estrutura tarifaria mais leve e sem penalização por sentido, a flexibilidade de poder trocar de voo no próprio dia e as prometidas reduções de tempos no FSC e na Portela, nomeadamente a utilização de canais exclusivos e o facto do passageiro apenas necessitar de chegar ao aeroporto 25min antes do voo, prometem um produto muito interessante e competitivo para o consumidor.
Há muitos anos que se justificava uma reforma da operação da TAP no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. As alterações hoje anunciadas, embora pudessem ter ido mais longe, não deixam de ser um passo importante e um reconhecimento dessa mesma realidade. A saída da companhia das 4 rotas europeias mencionadas anteriormente quebrará alguma fragmentação excessiva nessas ligações, deixando a concorrência consolidar a sua oferta e permitindo à TAP focar-se naquelas rotas onde tem mercado e vantagens comparativas. Por sua vez a nova Ponte Aérea permite melhorar muito significativamente a competitividade do Porto para destinos indirectos e estabelecer cada vez mais o avião como meio de transporte viável entre as duas principais áreas metropolitanas portuguesas.
Imagem de computador da “nova” TAP Express. Imagem: TAP Portugal
A ligação entre o Porto e Barcelona conta desde ontem com um terceiro operador. Depois da TAP e da Ryanair, chegou a vez da Vueling, que vai ligar as duas cidades 4 vezes por semana: 2ªs, 4ªs, 6ªs e Domingos. A companhia catalã vai ainda disponibilizar reforços pontuais em feriados celebrados nas duas cidades, como o 1º de Maio e o S. João, enquanto em Agosto vai oferecer um voo por dia.
A chegada da Vueling não podia ter sido num melhor momento. Perante um mercado claramente em crescimento, os outros dois operadores vinham apostando em aumentar rentabilidade por passageiro em lugar acompanhar esse crescimento com mais oferta. Por outras palavras, estavam-se a perder passageiros por falta de lugares e por preços mais elevados do que seria normal. As 4 frequências semanais da Vueling são suficientes para que a rota volte a respirar, mas ao mesmo tempo, não são tantas para provocar sobre-capacidade. Além disso, o facto da Vueling oferecer ligações a mais de 100 destinos em Barcelona permite atrair um outro tipo de passageiro para a rota e estimular ainda mais o mercado.
A Vueling opera agora 2 rotas directas no Francisco Sá Carneiro, totalizando 10 frequências semanais. Dentro de 3 semanas a operação volta a crescer com a entrada na companhia na rota de Bruxelas.
A Vueling vai ligar o Porto e Barcelona a partir de 11 de Abril do próximo ano. A operação começa com 3 frequências semanais, aumentando gradualmente para 6xw (um voo diário expecto aos Sábados) até Agosto, operadas por Airbus 320 de 178 lugares. Junta-se assim à Ryanair e à TAP, que este verão ofereceram 30 voos cada semana entre as segundas cidades de Portugal e Espanha.
Apesar de ser uma companhia low-cost, a Vueling opera no aeroporto de Barcelona um hub que atualmente conta com mais de 100 destinos espalhados por Europa e África, um facto que contribui para aumentar significativamente o potencial dos novos voos. Isto, juntamente com os cortes que a Ryanair fez este ano na linha e com dados interessantes a nível de preço e ocupação média abriram a porta de entrada à transportadora catalã. O passageiro alvo é assim um misto de ponto-a-ponto e ligações.
Barcelona será a 2ª rota da Vueling no Francisco Sá Carneiro, depois de em Abril deste ano se ter estreado no aeroporto com voos directos para Paris – Orly.
Ocupação média da rota de Barcelona em 2013. Dados: AENA
A low-cost irlandesa Ryanair avançou ontem 2 noticias relativamente à sua operação no Francisco Sá Carneiro.
A primeira é a de que vai regressar a Estrasburgo com 2 novas ligações, uma das quais o Porto. O arranque da nova rota está marcado para 2 de Abril e contará com 2 frequencias semanais. Estrasburgo é a 12ª rota da Ryanair a unir directamente o nosso Aeroporto com França, o principal emissor turístico do Norte de Portugal e residência de algumas das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro.A ligação complementará a oferta da transportadora na região, nomeadamente a operação entre Porto e o Aeroporto de Karlsruhe Baden-Baden, situado a apenas 75km do de Estrasburgo.
A segunda é que a partir de finais de Março vai reduzir o número de frequencias nas rotas de Madrid e Barcelona, não tendo no entanto quantificado essa redução. À semelhança do que aconteceu na presente temporada de Inverno (W12), em que cortou nestas duas rotas 5 e 3 frequencias semanais respectivamente, a Ryanair culpa exclusivamente o aumento das taxas aeroportuárias nos aeroportos de “nuestros hermanos”.
Operação da Ryanair no Porto, com 5 aviões baseados. Foto tirada por Carlos Seabra
A Ryanair prepara-se para reduzir a sua capacidade nas rotas espanholas e italianas que opera no Francisco Sá Carneiro durante a próxima temporada de inverno (W12).
O mercado mais afectado será o espanhol, com menos 4.000 lugares semanais (-28%). Das 4 rotas para Espanha que a Ryanair operou na temporada de inverno 2011 (W11), 3 vão sofrer cortes de frequencias e 1 não será operada. Quase metade desta fatia corresponde à ligação com a capital espanhola, Madrid, que perde 5 frequencias semanais, seguindo-se Barcelona com menos 3 e Valência com menos 1. A rota de Tenerife (Sul), à semelhança do que aconteceu no ano passado com a de Las Palmas, não será operada durante a próxima temporada.
A low-cost irlandesa responsabiliza as subidas das taxas nos aeroportos da rede AENA, principalmente em Madrid e Barcelona, e o desacordo com o Governo Canário, no caso da ligação com Tenerife, pelos cortes nas rotas com o país vizinho. No entanto, e embora estes argumentos também tenham contribuido, a degradação das condições macroeconómicas, o desempenho destas ligações no passado e a previsível quebra de receitas foram fundamentais na hora de decidir os cortes. Estas condições também se verificam no mercado italiano e estão na base dos cortes no mesmo.
Dois Boeing da Ryanair em Charleroi. Foto tirada por Radu Dobrescu
No caso do Porto, é notória a intenção de transferir a capacidade atribuída aos mercados espanhol e italiano para outros mais sólidos como o francês e o alemão, que por contarem com uma maior proporção de tráfego emissor e de negócios, ambos em crescimento, resistem muito bem aos efeitos da crise. Por isso mesmo, a Ryanair prevê continuar a operar a recém-inaugurada ligação com Dole, voltar a operar Bremen no inverno e reforçar rotas como Tours e Bruxelas (Charleroi).