A TAP anunciou uma forte reformulação da sua operação, abandonando a política de crescimento agressivo e de diversificação de mercados e adotando uma de maior contenção e foco nos destinos mais rentáveis. No caso do Sá Carneiro, isso significa pelo menos alterações em 6 dos 17 destinos diretos servidos a partir do Porto: Barcelona, Funchal, Lisboa, Londres, Madrid, Nova Iorque e São Paulo. A esses há que somar Lyon, rota que estava previsto iniciar em aproximadamente um mês, mas que vai ficar na gaveta.
Recorde-se que a transportadora nacional apresentou um prejuízo de 118 milhões de euros em 2018, equivalente a uma margem negativa de quase 4%. Numa altura em que as grandes companhias europeias estão a rever em baixa as suas previsões de lucro, e que os acionistas privados da TAP preparam a abertura do capital à bolsa, uma política comercial mais conservadora parece quase óbvia.
Os Airbus da British Airways vão passar a ser visitas mais frequentes do aeroporto do Porto a partir do próximo dia 11 de Fevereiro. Nessa data a companhia britânica dará inicio a uma nova operação entre o AFSC e o aeroporto de Gatwick, em Londres. Operada com um misto de Airbus 319 e 320, está inicialmente programada com 4 frequências semanais, que passarão a 6 com o início da temporada de Verão IATA na última semana de Março. Esta nova operação insere-se dentro de uma estratégia mais agressiva da British Airways desde a sua segunda base operacional, e que tem levado à abertura de outros destinos a partir daquele aeroporto.
A British Airways regressou ao Porto em 2014, com uma operação bissemanal para o aeroporto de Heathrow. O público alvo era principalmente o ponto-a-ponto, mas com a perspectiva de nos anos seguintes evoluir para uma rota direccionada para ligações, alteração que estava pendente do cumprimento de metas pré-estabelecidas. As metas que permitiriam chegar aos 4 semanais este ano foram superadas em 2014, no entanto a BA optou por manter apenas as 2xw do ano passado e fazer apenas uma mudança horária que eliminou a possibilidade de fazer viagens de fim-de-semana. Ainda assim, com a capacidade disponível praticamente inalterada, a rota cresceu 7% até ao final de Junho1.
Apesar dos resultados, ontem, ao mesmo tempo que foram carregados os novos voos para Gatwick foram retirados os voos para Heathrow programados para 2016, e que não regressarão no próximo ano. Isto representa uma reorientação da visão da British Airways em relação ao AFSC, deixando de lado a visão do nosso aeroporto como feeder de longo curso e concentrando-se no ponto-a-ponto com Londres e nas ligações às principais cidades Europeias. Para isso, Gatwick, é a melhor solução: está perfeitamente conectado com Londres e arredores, a maior capacidade disponível facilita o crescimento futuro da rota, e com uns custos operacionais por rotação 70% inferiores2 aos de Heathrow, não só fica em igualdade com a concorrência como essa maior margem operacional lhes permite uma oferta de frequências mais competitiva.
A rota de Londres tem sofrido um aumento significativo da procura nestes últimos anos, o que está a levar as companhias a aumentar significativamente o nº de voos entre a capital britânica e o Norte de Portugal. Este verão, a easyJet e a TAP são responsáveis por quase 35.000 lugares adicionais nesta ligação, enquanto para o próximo inverno há mais 55.000 lugares adicionais: 46.000 injectados pela Ryanair, easyJet e TAP, e 9.000 como resultado desta nova operação da BA.. A expectativa é que neste ano de 2015 se superem os 550.000 passageiros anuais na rota de Londres, o equivalente a um crescimento de 10% comparativamente a 2014.
Airbus 320 da BA no taxiway A do AFSC. Foto tirada por Alberto Guedes