Inicio da temporada de Verão 2019 (S19)

Com a mudança horária inicia-se também a nova temporada de Verão IATA 2019. Serão 30 semanas, desde 31 de Março até 26 de Outubro 2019, em que o Sá Carneiro vai estabelecer novos recordes na sua oferta de voos e de movimento de passageiros. Será, aliás, o 10º ano consecutivo de um ciclo expansivo sem precedentes no aeroporto, que colocou o Porto no grupo das 40 cidades da UE com maior movimento de passageiros por via aérea e consolidou a liderança do terminal no Noroeste Peninsular.

A oferta de lugares prevista é de quase 10 milhões, um crescimento de 9% em relação ao período homologo de 2018. O nº de operadores e de destinos diretos marca também recordes este ano, com a chegada de companhias como a Azul, Emirates, Finnair, Level ou Volotea, e a abertura de novas ligações diretas a Alicante, Bilbau, Brest, Dubai, Helsínquia, Málaga, Veneza e Viena. Transitam ainda algumas das novidades da temporada de Inverno 2018, como as novas rotas para Boston (via Terceira), Cagliari, Marrakesh, Nice e Sevilha.

Mas o crescimento não se limita às novas companhias ou às novas rotas, bem pelo contrário: os reforços de capacidade em ligações já existentes representam 7 de cada 10 novos lugares para esta temporada de Verão, com as novas rotas a representarem os 3 restantes. Uma tendência natural à medida que o aeroporto cresce e se aproxima da centena de destinos diretos oferecidos de forma regular.

Em sentido contrário, destaque para a perda das duas transportadoras israelitas, a Arkia e a Sun D’Or, e consequente descontinuação dos voos regulares para Tel Aviv. Outro dos destaques é o corte de capacidade da Aigle Azur, em parte porque este ano deixará de ter os voos adicionais para treino de tripulações nos seus novos Airbus 330, em parte por redução temporal de frequências. A própria Ryanair, embora com saldo global positivo, vai reduzir a sua presença no corredor Porto-Lisboa com um corte superior a 50% no nº de lugares disponibilizados, dando um forte abanão no mercado nacional. A transportadora irlandesa também não vai recuperar os voos diretos para Lorient, que são substituídos pela nova rota de Brest.

O perfil de tráfego, por sua vez, mantém-se estável. A grande maioria dos voos (80%) tem origem/destino em destinos de médio curso, seguindo-se com grande distância os segmentos doméstico (15%) e de longo curso (5%). Destaque para este último, que ganha 2 pontos percentuais de quota, perdidas pelo mercado doméstico por força do ajuste da Ryanair no corredor Porto-Lisboa.

A concentração da oferta nos grandes players do aeroporto também se mantém. Ryanair, TAP Portugal e easyJet representam 2/3 dos lugares regulares no Francisco Sá Carneiro, sendo também as três transportadoras que mais aumentam capacidade (em valor absoluto) este Verão. Se a estas três somarmos os restantes grandes grupos de aviação europeus, Air France-KLM, IAG e Grupo Lufthansa, atingimos 89% da oferta regular de/para o Porto. Uma percentagem dois pontos percentuais abaixo do Verão de 2018, mas ainda assim muito significativa para a realidade do aeroporto e da indústria de aviação europeia.

Os principais mercados europeus continuam a ser França, Espanha, Suíça, Reino Unido e Alemanha. Destaque para o mercado espanhol, que vai ganhar mais de 300.000 lugares adicionais (+25%) e 4 novos destinos relativamente ao Verão passado. Dos grandes mercados, Espanha era aquele que apresentava maior margem de crescimento, tanto por fraca cobertura territorial como por espaço para novas frequências para os grandes aeroportos. Lacunas que foram praticamente todas cobertas esta temporada, havendo inclusivamente rotas como Bilbau que passam de não estar servidas a ter dois operadores.

A nível de rotas, Paris mantém-se na primeira posição, seguida com alguma distância por Lisboa, Madrid, Londres e Barcelona, por esta ordem. Destaque para a subida de Madrid ao posto de 3ª rota com maior nº de lugares, superando Londres. Um movimento que vem na sequência do bom momento do mercado espanhol, neste caso aproveitando melhor as potencialidades do hub de madrileno da Iberia e da Air Europa, mas também pela continuada falta de voos diretos do Sá Carneiro para o aeroporto londrino de Heathrow. O Porto continua a ser o maior mercado transatlântico do lado europeu, e um dos principais mercados de/para Londres sem acesso ao hub de Heathrow, afastando assim deste corredor uma fatia significativa de passageiros potenciais.

No global, as perspectivas são muito positivas, e dificilmente se poderia imaginar uma temporada melhor. Resta agora esperar a reacção do mercado a todas estas novidades, um exercício que muitas vezes resulta difícil. Para facilitar essa tarefa, será publicado no final da temporada uma nova versão deste relatório com os dados atualizados, e será feita uma comparação entre o estado inicial e os resultados finais, com as respetivas margens de erro das previsões feitas nesta altura. Por agora, o relatório de inicio de temporada está disponível para download no inicio do artigo, e através deste link.

20 opiniões sobre “Inicio da temporada de Verão 2019 (S19)”

  1. Excelente artigo. É pena que continuem a não existir voos diretos entre o Porto e a Horta, tal como existe para Terceira-Porto e Ponta Delgada-Porto. No entanto mantêm-se os voos diretos Lisboa-Horta.

    1. Obrigado José!

      O normal seria as OSPs englobarem também frequências dessas ligações para o Porto, mas isto continua a ser Portugal e a prioridade é a capital.

  2. “Uma percentagem dois pontos percentuais abaixo do Verão de 2018, mas ainda assim muito significativa para a realidade do aeroporto e da indústria de aviação europeia.” Pete qual a realizada do aeroporto e da indústria? Significa que a oferta esta bem distribuída?

    1. Significa que a oferta está muito concentrada, mas que acaba por ser normal porque dentro da industria é a tendência que se tem observado: companhias aéreas mais pequenas vão desaparecendo ou perdendo terreno para as grandes companhias, que ganham quota de mercado.

  3. Caro Pete, mais uma vez excelente trabalho, parabéns!

    Uma pergunta apenas que não sei se tens os dados. Quantos aviões estão baseados para S19 no AFSC e quantos fazem night-stop?

    Abraço e vamos esperar um óptimo S19 para os nossos lados!

    1. Obrigado CVP! Sobre a tua pregunta, no máximo vamos ter 25 aviões baseados + 3 NST.

      Baseados:
      easyJet: 3 A320;
      Ryanair: 8 B738;
      TAP: 4 E190, 1 E195, 7 A319, 1 A321LR e 1 A332;

      NST:
      KLM: 1 B737;
      Lufthansa: 1 A321;
      Transavia: 1 B738

  4. Obrigado a todos pelos comentários! A ideia é realmente ir repetindo para as próximas temporadas, eventualmente fazer umas coisas do estilo com análises de casos em concreto, principalmente nas alturas em que tradicionalmente há menos noticias.

  5. Excelente “radiografia” ao momento atual e de futuro próximo, do nosso AFSC !!!.

  6. Excelente artigo, parabéns pela ideia Pete351! sempre podemos pôr as ideias em ordem após tantos artigos ‘postados’ e perspectivar a temporada; poderia propor um artigo semelhante no ínicio de cada temporada? W19, S20…! é só mais uma achega para melhorar o ‘blog’ que já é leitura diária e indispensável desde há muito tempo, bem haja Pete351

  7. Muitos parabéns pelo artigo.

    Num futuro o Porto teria capacidade de se tornar ele próprio um hub?

    Seria excelente a meu ver, ligar a linha de leixões ao aeroporto. Serão cerca de 3 km de linha que estariam prontos para quando a finalização da eletrificação da linha do minho. Desta forma possibilitando ligar a Coruña ao aeroporto, e no fundo toda a rede ferroviaria a 300km do aeroporto em menos de 4 horas do Porto. Uma população alvo de mais de 7 milhões?

    Não sou um expert, e o meu comentário é baseado apenas na minha percepção da possível expansão deste fantástico aeroporto.

    1. A TAP já está a tratar de criar um mini hub no Porto com os novos aviões mais pequenos e que do Porto são capazes de cruzar o Atlântico.

      Quanto a ferrovia, para se servir condignamente a Galiza não basta ligar o AFSC à Linha de Leixões, era mesmo preciso ligar diretamente à Linha do Minho. Porque os comboios irem até Campanha e voltarem pra trás não faria grande sentido. No fundo é o que esteve previsto no TGV. Mas se fosse em Alfa já seria fantástico.

    2. Não acredito nisso. Na Galiza numa hora estão no hub de Madrid, sem pagar comboio ou portagens.

    3. Allure mas já neste momento os galegos usam em força o nosso aeroporto, principalmente para voos directos.
      Sim esqueçam lá isso de hubs. Ninguém vai seriamente investir num hub no porto mesmo o de Lisboa tem dificuldades seria em atrair tráfego que não seja com fortes descontos.

      Mini hub com base em rotas que a procura directa consegue suportar, isso sim acredito, que seja possível QQ coisa.

    4. Helder, depende do que consideres um hub, mas como o João diz, a TAP já está a tratar de escalar a operação no Porto para trabalhar como hub com uma onda de ligações. Ainda não sabemos exatamente que escala eles querem ter, mas obviamente não terá nada a ver com o que são os grandes hubs.

      Relativamente ao comboio, obviamente seria importante ter a ligação direta ao aeroporto, mas a existir também não seria um game changer, até porque o volume de passageiros internacionais gerado pela Galiza não é assim tão grande e o AFSC já domina esse mercado mesmo sem comboio.

  8. Excelente artigo, parabéns e espero que as expectativas sejam superadas por valores acima do esperado, embora isso dificilmente seja divulgado na imprensa nacional, como recentemente aconteceu no passada semana num ridiculo artigo no jornal de negocios, com titulo de 1º pagina “aeroporto de Lisboa arrefece em janeiro” . Em que o miseravel artigo apenas tem cerca de 1 linha de informação positiva sobre os aeroportos do Porto e Faro.

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