A Ryanair anunciou que a partir do próximo dia 26 de Março 2018 começará a operar de forma regular uma ligação direta entre o Porto e Malta. A programação consiste em 2 voos semanais (2ªf e 6ªf) com uma duração de voo próxima das 3h por sentido.
Malta é um pequeno país formado por 3 ilhas, localizado em pleno Mediterrâneo, imediatamente a sul de Itália. Pouco conhecido do mercado Português, Malta é um destino que se tem destacado como destino de Sol e praia, bem como cultural. A aproximação ao mercado português tem sido um objectivo das entidades maltesas nos últimos anos, em parte devido aos bons resultados que têm conseguido em Espanha mas também pelo apetite português por Sol e praia no exterior, como comprovam os resultados das várias ligações regulares e charter a países como Espanha, Marrocos, Cabo Verde ou Tunísia. No caso do Porto, este mercado equivale a quase 200.000 passageiros só em voos diretos com crescimentos a dois dígitos nos últimos anos. A estes, haveria que somar os que utilizam voos em escala, os que viajam diretamente por Lisboa e os passageiros galegos. Neste contexto, uma oferta de aproximadamente 20.000 lugares parece bem enquadrada, mais ainda se considerarmos que será o único voo regular entre Portugal e Malta.

De | A | Frequência | Partida | Chegada | Nº voo | Equipamento |
26 Mar. | 26 Out. | 1 – – – 5 – – | 19:45 | 00:05 (+1) | FR 1510 | Boeing 738 |
De | A | Frequência | Partida | Chegada | Nº voo | Equipamento |
26 Mar. | 26 Out. | 1 – – – 5 – – | 17:00 | 19:20 | FR 1509 | Boeing 738 |
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+1: Dia seguinte As horas são locais
Primeira de muitas novidades para este verão 😉
Felizmente nem é a primeira novidade de S18! Embora a maior novidade que poderíamos ter, na minha opinião, era a Ryanair começar a fazer ligações no Porto. Reparem como, por exemplo, estes horários Malta-Porto-Malta encaixam bem nos horários da Ryanair para Lisboa-Porto-Lisboa.
Isso não iria entupir a rota Porto-Lisboa?
Ou a taxa de ocupação anda baixa?
O que seria preciso para se fazer ligações no Porto? Apenas vontade ou também algum investimento(Mais aviões na base)?
João, as rotas não “entopem”, mas nem é por aí, estás a pensar mal a situação. Se estudaste micro-economia, isto é quase o básico da lei da oferta e da procura.
Pensa que a Ryanair tem um sistema de tarifas que joga com os preços de forma a que aviões andem sempre de 90% de ocupação para cima. 90% não dá grande margem para novos passageiros, pelo que eventuais crescimentos são feitos à base de aumentos nas tarifas. Para haver aumentos de tarifas tem que aumentar a procura, que no fundo é o que as ligações fazem. Tarifas mais altas propiciam aumentos de oferta, que por sua vez atraem mais passageiros. Esses novos passageiros vão aumentar ainda mais as receitas da companhia, e assim sucessivamente até se atingir um novo equilíbrio.
Depois há outras pequenas coisas que acrescem e criam receita adicional. Por exemplo, um passageiro que faça um voo de 2h seguido de outro de 3h tem maior probabilidade de comprar alguma coisa a bordo do que 1 passageiro num voo de 2h + 1 passageiro no voo de 3h. Viagens mais longas também aumentam a probabilidade da pessoa ficar mais tempo e precisar de bagagem adicional. E a maior frequência geralmente trás tarifas médias mais altas (uma das bases do modelo de negócio da easyJet).
Mesmo a nível de custos, e é aí que me parece que incidirá mais a tua pergunta Serv, muitos aeroportos têm taxas de passageiro fortemente reduzidas para passageiros em ligação. Sem ir mais longe, em Lisboa, por passageiro em transferência Schengen-Schengen a taxa de passageiro é 21% mais baixa relativamente ao passageiro ponto-a-ponto. No Porto, se uma redução dessa ordem fosse aplicada à taxa atual, supondo que os pax em ligação representariam 5% dos passageiros (quase nada), é logo 1M€ em poupanças. Isto seria uma estimativa conservadora. Mais realista seria pensar num desconto próximo dos 50% e que os passageiros em ligação seriam uns 10%-15%, o que daria uma redução em taxas por volta dos 3/4M€ ano. Para beneficio direto não está nada mal.
Dubai sim seria excelente mas penso que não seja para 2018 ainda
Sim, eu percebo isso. A minha pergunta era mais no sentido de perceber como andavam os voos OPO-LIS em termos de ocupação.
Porque é obvio que o que qualquer companhia aérea procura é o máximo de lucro por cada lugar. Mas Lisboa tem imensas ligações directas pelo que os preços via Porto nunca poderiam subir “infinitamente”, digo eu.
Além de Lisboa que outros aeroportos podem servir de feeders à Ryanair no Porto?
Ponta Delgada, Terceira, Tenerife, Gran Canaria e Faro?
Ou caso fizessem isso até se poderia justificar entrar em rotas em África por exemplo? Ou mesmo em Espanha, ou na tão ambicionada Madeira…
Engraçado era abrirem rotas para Vigo, Santiago e Corunha só para alimentar o “hub” e irritar os nossos amigos espanhóis eheheh
João, para teres aeroportos a servir de feeders tens que ter boas ligações para esses aeroportos, o que não é, de todo, o caso de Tenerife, Gran Canaria e Terceira.
Em ocupação andam bem, lá está, o sistema de tarifas da Ryanair trata disso.
Sobre Lisboa ter muitas ligações diretas, repara que os maiores alimentadores dos grandes hubs são os grandes aeroportos, não os pequenos. No caso de Lisboa acresce que há um player dominante no mercado (a TAP), pouca penetração de voos low-cost e pouca capacidade física para aumentar voos. Melhor situação para uma trazer passageiros de Lisboa era dificil.
Relativamente aos feeders, com o mapa atual os fluxos seriam principalmente Europa Central Peninsula e Ilhas, Peninsula Ilhas e Peninsula Peninsula. Em principio as principais seriam as rotas com mais frequências, que é onde o mercado é mais forte e o serviço mais atrativo, embora para rotas mais pequenas as ligações possam ser proporcionalmente mais importantes. Estou a pensar por exemplo na grande cobertura de pequenos destinos em França que a Ryanair tem, destinos onde ligações via Porto seriam a única forma de eles se deslocarem a partir do seu aeroporto a destinos de Sol como o Algarve, ou a conhecidos destinos de city break como Lisboa ou Madrid.